A política da Oposição no panfleto do dia 18 de janeiro era: “Nenhuma confiança na justiça dos patrões e na demagogia da direção do Sindicato”. O que prevíamos realmente aconteceu! O resultado da tal audiência foi dado pela direção do sindicato com muita empolgação no microfone, mas não houve vitória alguma, apenas uma nova audiência marcada para julho deste ano sem garantia de nada. Para o dia 18 a direção do Sindicato propunha uma “vigília” – tipo as de igreja – no intuito de “pressionar” a empresa; na verdade essa “vigília” era uma “festa” disfarçada: música, bate-papo, muita descontração! Os métodos de luta da diretoria do nosso sindicato se resumem a estas “vigílias”, às audiências judiciais, etc.; nos seus panfletos impera a falta de informações, a confusão.
Sendo assim, era evidente que a “luta” convocada pela direção do sindicato não passava de uma farsa para “inglês ver”. Nós afirmamos em inúmeros materiais passados que paralisação e greve não se decretam por um panfleto de véspera, mas somente através de uma organização prévia: discussões com a categoria, assembléias, organização independente, comunicação e preparação clandestina entre os operadores e os setores, etc. Mesmo com todo este desserviço da direção do Sinttel, os trabalhadores mostraram que possuem a força necessária para mudar essa situação. Vários operadores de distintos setores colocaram em pausa espontaneamente no mesmo horário, sem contar com a preparação, o apoio e a orientação do sindicato em nenhum momento.
Nós compreendemos que esta “paralisação” foi muito importante, ainda que débil e espontânea. Ela é um sintoma da tomada de consciência de setores do interior da empresa. Há disposição de luta e iniciativas individuais. Porém, não há orientação, organização e comunicação prévias entre os operadores e os setores. O Sindicato está nas mãos da burocracia da CUT: a agência do governo Lula no movimento sindical. Isto significa que ela é contra as lutas, contra a organização séria do movimento de “paralisação”. A falta de organização e de orientação da “paralisação” facilitou a repressão dos supervisores, à mando dos gestores, para intimidar os descontentes. A verdade é que os patrões— e a burocracia no geral — temem o que os trabalhadores organizados e conscientes podem fazer, então tentam de todas as maneiras nos impedir com suas armas: advertência, suspensão, assédio moral, demissão, etc. Isso deixa claro que uma organização prévia é fundamental e insubstituível. Numa palavra: sem uma preparação consciente anterior é impensável uma paralisação vitoriosa que se transforme em greve e conquiste uma pauta de reivindicações.
A Oposição à direção do Sinttel, apesar de minoritária e da sua pequena estrutura, procurou organizar e conscientizar os trabalhadores sobre o que estava em jogo na audiência e também na própria proposta do Sindicato sobre a “vigília”. A “paralisação” destes setores ocorreu apesar da direção do Sindicato, o que demonstra que precisamos retomá-lo das mãos desta burocracia para as nossas lutas, para que ele possa orientar e dar firmeza à nossa luta. Chamamos a todos os colegas que estiveram organizando a paralisação para que venham organizar a Oposição e preparar as próximas lutas.
Sobre o nosso reajuste salarial: além da denúncia da audiência e dos métodos de luta da direção do Sindicato, o nosso panfleto explicou porque os nossos salários não foram reajustados. É muito simples: a direção do Sinttel fechou dois acordões com a direção da empresa que mudaram a nossa data-base (data em que deveria entrar em vigor um novo reajuste salarial) de julho para outubro e de outubro para janeiro. Sendo assim, ficamos mais de um ano sem reajuste salarial. Sobre isso, não por acaso, a diretoria do sindicato não se manifestou e fez um silêncio cúmplice. Até agora – fevereiro de 2010 – não há diferença nenhuma descrita no contracheque. Casualidade?