A eleição para representante sindical que se realizou no dia 12 de novembro elegeu dois representantes sindicais da Oposição Chamando a Luta. A votação nos dois candidatos da Oposição não representou apenas o voto em dois colegas de trabalho, mas o voto em um programa de luta para os trabalhadores, em um novo sindicalismo. O fato dos dois candidatos mais votados serem da Oposição representa este conteúdo.
Algumas discussões trazidas pelo material de campanha dos candidatos da Oposição refletia os ataques que estão por vir, como a crise do capitalismo que está mostrando seus primeiros efeitos: a demissão de centenas de irmãos trabalhadores no interior do Rio Grande do Sul e milhares nos outros continentes, como na Europa, que está demitindo 10 mil trabalhadores por dia. Mas a crise não passa longe daqui, apesar da campanha demagógica do governo Lula. Muitos colegas de trabalho aqui da Atento estão sendo demitidos aos poucos. Uns hoje, outros amanhã. Nem os supervisores mais prestativos ao patrão estão sendo poupados. A nossa campanha já alertava estes ataques.
Os nossos baixos salários revelam que a crise econômica nunca esteve longe daqui, apenas fez ressurgir a inflação que torna os alimentos e as demais mercadorias necessárias a nossa sobrevivência inacessível. Enquanto isso a patronal vive dias de glória: aumenta seus lucros e expande o seu capital – a Atento adquiriu duas empresas de contact center pelo mundo – na República Tcheca e na Guatemala. A crise aprofunda a desgraça da maioria dos trabalhadores, enquanto que significa mais abundância e oportunidade para a burguesia.
Nesse sentido, a empresa mudou o plano de saúde demonstrando a lógica que impera no capitalismo em decomposição e, agora, afundado em mais uma crise: passar o custo do atendimento para nós e dificultar os atestados, para que sejamos máquinas que não tem sequer o direito de ficar doente. O reajuste salarial proposto é uma ilusão, que está abaixo da inflação. Todos estes ataques só são possíveis graças a direção do Sindicato, que é parceira do patrão e mantém um sindicalismo de cúpula, de negociação, de faz de conta.
O sindicalismo praticado pelo Sinttel é o mesmo do PT e da CUT, que por décadas conservou a ilusão de que era possível mudar de vida através do voto em Lula. Este sindicalismo apenas econômico precisa ser superado. Ele não pode fazer frente aos inúmeros ataques que estão sendo preparados contra os trabalhadores. Nós, da oposição, agradecemos os votos que recebemos, mas gostaríamos de frisar que a nossa eleição como representante sindical foi apenas o primeiro passo rumo a um novo sindicalismo e a uma nova organização de base. É preciso iniciar um trabalho de consolidação da oposição e de conscientização dos demais trabalhadores. Sem os demais trabalhadores mobilizados para desmascarar a direção do sindicato e derrotar os ataques da patronal, nós não somos nada. Comecemos desde já uma nova organização por local de trabalho, com reuniões, com discussões com os demais colegas, de denúncia da direção do Sinttel, dos ataques da patronal, do governo Lula (agente das multinacionais) e da sua sucursal no movimento dos trabalhadores, a CUT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário