Recentemente – no Jornal “O parceiro” do patrão, Nº39 – a direção do Sinttel trouxe uma reportagem de capa que afirmava que a “categoria dos telefônicos” foi “incluída no piso regional gaúcho”. Em seguida faz uma festa por mais esta “conquista dos trabalhadores telefônicos”, numa demagogia profundamente cínica. Esta suposta “conquista” veio através do parlamento gaúcho, onde impera a politicagem e os interesses da classe dominante. Além disso, faz propaganda política para o deputado petista Adão Villaverde, dizendo que este “buscava a inclusão de nossa categoria no nível máximo do piso regional”.
Pra piorar, quem sancionou a lei foi o reacionário governo Yeda, cuja direção do Sinttel diz fazer oposição. Toda a corja do governo Yeda participou da demagogia, desde a própria governadora, até o Chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel (PSDB), passando pela base aliada, com o deputado João Fischer do PP. Partidos publicamente reconhecidos pelos serviços prestados à burguesia contra os trabalhadores, o que lhe rende um desgaste na opinião pública como a fábrica de “más notícias”. Pode-se ver, a partir desses fatos, a credibilidade dos líderes do movimento “Fora Yeda”. Em editorial escrito para a ZH de 28 de julho, Adão Villaverde – o acolhedor da proposta do Sinttel – escreve que o governo Yeda “é a expressão de um governo sem rumo e desorientado”. Em público, o movimento “Fora Yeda”, liderado por PT e CUT (e apoiado pelo Sinttel), faz um estardalhaço para desgastar o governo e, para as bases de seus movimentos, apresentam um santificado governo que aprova um novo “piso salarial” após “3 anos de tentativas frustradas” (O parceiro do patrão, Nº39). A partir dessas análises, dá para acreditar num voto parlamentar de um governo burguês a favor dos trabalhadores? O que é isso senão uma tentativa descarada de iludir os trabalhadores com o próprio jogo parlamentar? É por isso que afirmamos: a reportagem do jornal não passa de mais uma demagogia da direção sindical para ganhar credibilidade na base dos trabalhadores.
Conquista ou demagogia?
Essa noção de “conquista” apresentada pelo Jornal deseduca os trabalhadores sindicalmente. Os acostuma a esperar pela politicagem burguesa no seio dos parlamentos, como se os escândalos de corrupção dessas instituições não deixassem bem claros para quem governam. As conquistas só são possíveis a partir da organização, da consciência e da luta dos trabalhadores. Tudo o que a diretoria do Sinttel teme à morte, como foi o caso da assembléia da Contax em 23 de julho de 2009.
Essa noção de “conquista” apresentada pelo Jornal deseduca os trabalhadores sindicalmente. Os acostuma a esperar pela politicagem burguesa no seio dos parlamentos, como se os escândalos de corrupção dessas instituições não deixassem bem claros para quem governam. As conquistas só são possíveis a partir da organização, da consciência e da luta dos trabalhadores. Tudo o que a diretoria do Sinttel teme à morte, como foi o caso da assembléia da Contax em 23 de julho de 2009.
Logo após a tão exaltada “conquista”, vemos a demagogia explícita e acabada: “Cabe agora a nós fiscalizarmos para que esta decisão seja cumprida pelas empresas do setor” (O parceiro do patrão, Nº39). O que isso significa senão que a aprovação da lei não quer dizer nada no concreto? Isso só pode significar a velha espera interminável que “pode vir” ou, o mais certo, que não virá. Desta direção, que é tão acomodada ao seu sindicalismo de conciliação e de “faz de conta”, só podemos concluir que realmente não virá! O jornal serve unicamente para propagandear uma ilusão, uma falsidade, pois não serve nem para dizer como fiscalizar para que a decisão seja cumprida? De quê depende? Sobre isso não há uma única palavra.
O fato é que, mesmo que a lei tenha sido “aprovada”, ela passa por um longo caminho burocrático antes de ser colocada em prática, o que inclui recursos da própria patronal contra a aplicação da lei. Portanto, não há data prevista e nenhuma “conquista”. Até por que, se essa lei for colocada em prática, ela só entrará em vigor, possivelmente, no ano que vem, o que significa que a inflação vai corroer o poder de compra e, até lá, os R$523 serão tão miseráveis quanto hoje. No nosso entender, conquista é dinheiro no bolso, coisa que com a mísera aprovação da lei, não quer dizer nada. E, portanto, só se propagandeia após o dinheiro estar no bolso dos trabalhadores.
O capitalismo em decomposição e a concessão de aumentos salariais
Compreendemos que aumento do piso salarial no capitalismo em decomposição só pode ser demagogia, pois tudo o que concede com uma mão, retira em dobro pela inflação, aluguel, passagem, custo de vida. A direção do Sinttel não pode denunciar isso, pois seu sindicalismo conciliador não se enfrenta com o capitalismo, a não ser em palavras ditas ao vento. Pelo contrário, a direção do Sinttel está muito satisfeita com o capitalismo, pois ganha seus honorários. Por isso, ela entra no jogo viciado da politicagem burguesa e diz que os trabalhadores “conquistaram alguma coisa”, quando na realidade não conquistaram nada.
Como dizia Marx: “os trabalhadores não devem iludir-se quanto ao resultado final destas lutas cotidianas [aumento salarial, por exemplo]. Que não se esqueçam: estão combatendo os efeitos, e não as causas; eles retardam a queda, mas não mudam a direção; eles aplicam paliativos, mas não curam a doença. Que tomem cuidado em não se deixar levar inteiramente por estas escaramuças inevitáveis provocadas por cada nova usurpação do capital. (...) É importante que lhes apaguem de sua bandeira esta divisa conservadora: ‘um salário justo por uma jornada justa’, e inscrevam a palavra de ordem revolucionária: ‘Abolição do trabalho assalariado’” (Karl Marx; da obra: Salário, preço e lucro).
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