O Jornal do Sinttel, intitulado “O parceiro”, N°36, de janeiro de 2009, traz algumas discussões interessantes que merecem atenção por parte dos trabalhadores. Nesta edição podemos ver quais são os métodos utilizados pela direção do Sindicato para aplicar seu programa conciliador. E o pior: como fazer propaganda disfarçada dele por entre os trabalhadores.
Capa: logo na capa já podemos notar o descompromisso da direção do sindicato com os trabalhadores de base, bem como a sua situação alheia aos principais problemas que afligem os teleoperadores. A manchete é categórica: “Queima de fogos ilumina o novo ano em rondinha”. Contudo, esta direção esquece que nas principais empresas de call centers os trabalhadores não tiveram direito a folga nem no natal, nem no ano novo. Esta reportagem, que serve apenas para divulgar a colônia de férias do sindicato, além de não denunciar a exploração patronal dos feriados nacionais, desdenha da desgraça dos trabalhadores de base. O logotipo orgulhoso da gestão “avançar ainda mais” que se encontra com destaque na capa, poderia ser tranquilamente substituído por “retroceder e atrasar a consciência dos trabalhadores ainda mais”.
Página 3: nesta página encontramos uma reportagem sobre a 5ª Marcha Nacional dos Trabalhadores em Brasília, promovida pela CUT. Mas, como todo bom governista, a direção do Sinttel não faz nenhuma crítica a Lula – o agente das multinacionais e do imperialismo – que é o maior responsável pelo subdesenvolvimento e desvalorização do trabalho, ao contrário do pretensioso lema da Marcha: “Desenvolvimento com valorização do trabalho”. Este tipo de marcha serve apenas para os dirigentes sindicais passarem um verniz de esquerda em suas respectivas caras-de-pau e fingir, perante os trabalhadores, que lutam por seus direitos. O documento entregue ao Congresso Nacional, que continha 18 propostas para enfrentar a crise capitalista, em nenhum ponto atacava a raiz do problema: o próprio capitalismo. E feita a demagogia das fotos para a mídia do recebimento deste documento, ele será arquivado e esquecido.
Página 4: já nesta página encontramos os programas assistencialistas do Sinttel, que mais visam fazer propaganda do governo Lula disfarçadamente do que realmente dar uma opção de estudo e formação aos trabalhadores, já que a jornada de trabalho, a pressão das metas e o assédio moral não permitem que os trabalhadores possam pensar em muitos projetos além do trabalho que já exercem. Esta página demonstra bem o caráter assistencialista, muito semelhante a uma ONG, que exerce o sindicato.
Página 5: esta página está dividida entre a propaganda da Conta-Salário e as oficinas e encontros realizados com trabalhadores de distintas empresas. No que diz respeito a Conta-Salário, ao invés de denunciar mais este ataque aos trabalhadores, a direção faz propaganda como sendo uma medida positiva. Tudo isso, é claro, discretamente escondido em uma suposta reportagem neutra de explicação.
Sobre a oficina e os encontros de representantes sindicais e cipeiros, nenhuma questão sobre a atual condição dos trabalhadores no capitalismo foi levantado, isto é, a pressão das metas, o assédio moral, os baixos salários, o desemprego, etc. E o mais importante: métodos de luta para se combater estas mazelas do capitalismo. No jornal só se fala em LER e doenças do trabalho. É a direção do Sinttel, mais uma vez, propagandeando um sindicalismo amorfo e de faz de conta.
Página 6: nesta página temos o seu verdadeiro foco: os aposentados. Afinal de contas, em muitas eleições são eles quem decidem através do voto a manutenção da atual diretoria. Se fala dos projetos do petista Paulo Paim, que tenta extinguir o Fator Previdenciário através do Senado corrupto. Esta demagogia foi ainda mais longe: o Sinttel enviou uma delegação para ajudar na tal vigília de Paim, que até agora não conquistou absolutamente nada. E o pior é que o jornal, por ser governista, omite a reforma da previdência, levado a cabo pelo presidente Lula, que pretende aumentar a idade mímina para a aposentadoria.
Na página 6 também encontramos uma propaganda desavergonhada do governo Federal, onde se diz que os “Remédios têm 90% de desconto” e no centro traz o slogan da campanha do governo “Aqui tem famárcia popular”. É nestas pequenas demonstrações que vemos que o discurso de apartidarismo do sindicato não passa de conversa para boi dormir. A maioria dos dirigentes fazem parte das principais correntes internas do PT.
Página 7: as reportagens desta página, são, talvez, as mais demagógicas e enganadoras. Na primeira coluna temos uma reportagem sobre o “Projeto de regulamentação da profissão [de telemarketing] tem parecer favorável”. A diretoria saúda esta ilusão como uma “boa notícia aos operadores de telemarketing”. Como todos sabem, o trabalho em teleatendimento não é regulamentado e só existe uma precária Norma Regulamentadora, a NR17, que dá mais benefícios ao patrão do que aos trabalhadores. A regulamentação de uma profissão precária como a exercida por nós é fundamental. Mas ela não virá por um projeto do deputado federal Vicentinho (PT-SP) e por intermédio da instituição burguesa, chamada de Câmara dos deputados. A verdadeira regulamentação do trabalho em telemarketing só virá através da luta de classes, da organização e da mobilização dos trabalhadores. Qualquer promessa contrária, como faz “O parceiro”, é enganosa e só serve para semear ilusões por entre os trabalhadores.
Logo abaixo, vemos outra propaganda de medidas do governo. Aqui o governismo se mostra em todo o seu descomprometimento com o trabalhador, pois a diretoria apóia disfarçadamente as novas regras que começam a vigorar nos call centers. O Sinttel prefere propagandear a lei dos serviços regulados pelo governo (que só beneficia os clientes) à defender os teleoperadores, que são submetidos a uma terrível ditadura por parte da empresa. Os verdadeiros responsáveis pela demora no atendimento e por serviços precários são as próprias empresas de call centers, que fundamentalmente se preocupam com o lucro em cima dos teleoperadores. O cinismo da direção do Sinttel chega ao fundo do poço quando ela defende que estas “Mudanças podem gerar criação de postos de trabalho”. O “podem”, colocado no meio da frase, não é casual. É uma tentativa de não se comprometer com uma medida que certamente não se concretizará. Esta nova “mudança” não vai gerar mais postos de trabalho, o que significaria que as empresas teriam que contratar mais trabalhadores, ter mais gastos com o atendimento, etc. O que ocorrerá – e nos frisamos: ocorrerá certamente – será o aumento do fluxo de ligações para os trabalhadores já contratados, mais metas, mais assédio moral, mais exploração. Só a luta e organização por local de trabalho podem impedi-los.
Por fim, encontramos uma matéria que faz propaganda do ACT da Atento em 2008 de forma totalmente acrítica e submissa, portanto, sendo absolutamente conivente com as migalhas atiradas da mesa farta da patronal.
É por estas e muitas outras que nós afirmamos que o jornal deveria chamar-se “O parceiro do patrão”.
Capa: logo na capa já podemos notar o descompromisso da direção do sindicato com os trabalhadores de base, bem como a sua situação alheia aos principais problemas que afligem os teleoperadores. A manchete é categórica: “Queima de fogos ilumina o novo ano em rondinha”. Contudo, esta direção esquece que nas principais empresas de call centers os trabalhadores não tiveram direito a folga nem no natal, nem no ano novo. Esta reportagem, que serve apenas para divulgar a colônia de férias do sindicato, além de não denunciar a exploração patronal dos feriados nacionais, desdenha da desgraça dos trabalhadores de base. O logotipo orgulhoso da gestão “avançar ainda mais” que se encontra com destaque na capa, poderia ser tranquilamente substituído por “retroceder e atrasar a consciência dos trabalhadores ainda mais”.
Página 3: nesta página encontramos uma reportagem sobre a 5ª Marcha Nacional dos Trabalhadores em Brasília, promovida pela CUT. Mas, como todo bom governista, a direção do Sinttel não faz nenhuma crítica a Lula – o agente das multinacionais e do imperialismo – que é o maior responsável pelo subdesenvolvimento e desvalorização do trabalho, ao contrário do pretensioso lema da Marcha: “Desenvolvimento com valorização do trabalho”. Este tipo de marcha serve apenas para os dirigentes sindicais passarem um verniz de esquerda em suas respectivas caras-de-pau e fingir, perante os trabalhadores, que lutam por seus direitos. O documento entregue ao Congresso Nacional, que continha 18 propostas para enfrentar a crise capitalista, em nenhum ponto atacava a raiz do problema: o próprio capitalismo. E feita a demagogia das fotos para a mídia do recebimento deste documento, ele será arquivado e esquecido.
Página 4: já nesta página encontramos os programas assistencialistas do Sinttel, que mais visam fazer propaganda do governo Lula disfarçadamente do que realmente dar uma opção de estudo e formação aos trabalhadores, já que a jornada de trabalho, a pressão das metas e o assédio moral não permitem que os trabalhadores possam pensar em muitos projetos além do trabalho que já exercem. Esta página demonstra bem o caráter assistencialista, muito semelhante a uma ONG, que exerce o sindicato.
Página 5: esta página está dividida entre a propaganda da Conta-Salário e as oficinas e encontros realizados com trabalhadores de distintas empresas. No que diz respeito a Conta-Salário, ao invés de denunciar mais este ataque aos trabalhadores, a direção faz propaganda como sendo uma medida positiva. Tudo isso, é claro, discretamente escondido em uma suposta reportagem neutra de explicação.
Sobre a oficina e os encontros de representantes sindicais e cipeiros, nenhuma questão sobre a atual condição dos trabalhadores no capitalismo foi levantado, isto é, a pressão das metas, o assédio moral, os baixos salários, o desemprego, etc. E o mais importante: métodos de luta para se combater estas mazelas do capitalismo. No jornal só se fala em LER e doenças do trabalho. É a direção do Sinttel, mais uma vez, propagandeando um sindicalismo amorfo e de faz de conta.
Página 6: nesta página temos o seu verdadeiro foco: os aposentados. Afinal de contas, em muitas eleições são eles quem decidem através do voto a manutenção da atual diretoria. Se fala dos projetos do petista Paulo Paim, que tenta extinguir o Fator Previdenciário através do Senado corrupto. Esta demagogia foi ainda mais longe: o Sinttel enviou uma delegação para ajudar na tal vigília de Paim, que até agora não conquistou absolutamente nada. E o pior é que o jornal, por ser governista, omite a reforma da previdência, levado a cabo pelo presidente Lula, que pretende aumentar a idade mímina para a aposentadoria.
Na página 6 também encontramos uma propaganda desavergonhada do governo Federal, onde se diz que os “Remédios têm 90% de desconto” e no centro traz o slogan da campanha do governo “Aqui tem famárcia popular”. É nestas pequenas demonstrações que vemos que o discurso de apartidarismo do sindicato não passa de conversa para boi dormir. A maioria dos dirigentes fazem parte das principais correntes internas do PT.
Página 7: as reportagens desta página, são, talvez, as mais demagógicas e enganadoras. Na primeira coluna temos uma reportagem sobre o “Projeto de regulamentação da profissão [de telemarketing] tem parecer favorável”. A diretoria saúda esta ilusão como uma “boa notícia aos operadores de telemarketing”. Como todos sabem, o trabalho em teleatendimento não é regulamentado e só existe uma precária Norma Regulamentadora, a NR17, que dá mais benefícios ao patrão do que aos trabalhadores. A regulamentação de uma profissão precária como a exercida por nós é fundamental. Mas ela não virá por um projeto do deputado federal Vicentinho (PT-SP) e por intermédio da instituição burguesa, chamada de Câmara dos deputados. A verdadeira regulamentação do trabalho em telemarketing só virá através da luta de classes, da organização e da mobilização dos trabalhadores. Qualquer promessa contrária, como faz “O parceiro”, é enganosa e só serve para semear ilusões por entre os trabalhadores.
Logo abaixo, vemos outra propaganda de medidas do governo. Aqui o governismo se mostra em todo o seu descomprometimento com o trabalhador, pois a diretoria apóia disfarçadamente as novas regras que começam a vigorar nos call centers. O Sinttel prefere propagandear a lei dos serviços regulados pelo governo (que só beneficia os clientes) à defender os teleoperadores, que são submetidos a uma terrível ditadura por parte da empresa. Os verdadeiros responsáveis pela demora no atendimento e por serviços precários são as próprias empresas de call centers, que fundamentalmente se preocupam com o lucro em cima dos teleoperadores. O cinismo da direção do Sinttel chega ao fundo do poço quando ela defende que estas “Mudanças podem gerar criação de postos de trabalho”. O “podem”, colocado no meio da frase, não é casual. É uma tentativa de não se comprometer com uma medida que certamente não se concretizará. Esta nova “mudança” não vai gerar mais postos de trabalho, o que significaria que as empresas teriam que contratar mais trabalhadores, ter mais gastos com o atendimento, etc. O que ocorrerá – e nos frisamos: ocorrerá certamente – será o aumento do fluxo de ligações para os trabalhadores já contratados, mais metas, mais assédio moral, mais exploração. Só a luta e organização por local de trabalho podem impedi-los.
Por fim, encontramos uma matéria que faz propaganda do ACT da Atento em 2008 de forma totalmente acrítica e submissa, portanto, sendo absolutamente conivente com as migalhas atiradas da mesa farta da patronal.
É por estas e muitas outras que nós afirmamos que o jornal deveria chamar-se “O parceiro do patrão”.
2 comentários:
"Amigos" precisamos de mais atitude e menos criticas, temos que fazer mais e falar menos. No ano passado ocorreram eleições ? o que houve com vocês. Saudações !
Caro anônimo, somos uma oposição em formação, que está dando seus primeiros passos. A nossa constituição é de trabalhadores de base, que trabalham e cumprem jornada de trabalho. Temos limitações materiais, não temos aparato sindical e não contamos com grandes contribuições, como a direção do Sinttel. Pra piorar, a legislação do sindicato para se participar das eleições é burocrática, limitadora e autoritária. Precisa de um número "X" de membros, tanto de POA quanto do interior. No ano passado não deu. Mas vamos abrir este debate com a base, é importante, inclusive pra você anônimo. Por essas e outras não participamos no passado, mas no futuro...
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